Antes de entender a fundo como se comporta o Lucro Liquido do Renovabio, é importante entender que biocombustível é uma commodity. Uma commodity é um produto básico que é comercializado em grande escala e não tem diferenciação significativa entre os produtos de diferentes fornecedores. O combustível, como petróleo, gás natural ou biocombustíveis, se enquadra nessa definição, pois é amplamente comercializado e seu valor é determinado principalmente pela oferta e demanda do mercado, em vez de características específicas do produto de um determinado fornecedor.
Assim como ocorre com toda commodity, o preço do biocombustível é determinado pelo mercado. A indústria de biocombustível não exerce controle direto sobre os preços, mas é influenciada por eles, atuando como tomadora de preço. Dessa forma, a ampliação da margem de lucro nesse setor se baseia na eficiência do processo produtivo, com um foco contínuo na redução do custo de produção e na busca por formas de agregar valor. O programa RenovaBio surge como um impulsionador desse lucro, ao permitir que as indústrias de biocombustíveis não só comercializem seus produtos, mas também os Créditos de Descarbonização (CBIOS), proporcionando uma nova fonte de receita que contribui para a rentabilidade do setor.
Preços das principais commodities
As principais commodities utilizadas como matéria-prima para a produção de biocombustíveis no programa RenovaBio são soja, milho e cana-de-açúcar. O preço da matéria-prima influencia no preço do biocombustível. É possível observar variações nos preços ao longo dos anos, com crescimento anual contínuo, alcançando o ápice em 2022.
Em 2023, os preços médios anuais permaneceram estáveis para milho e cana-de-açúcar, enquanto para a soja houve uma redução. A margem de lucro por saca (soja em milho) e por tonelada (cana-de-açúcar) foi influenciada pelo esforço das indústrias em tornar seus processos mais eficientes, bem como pela incorporação de ganhos relacionados ao RenovaBio.
Lucro líquido do RenovaBio
O lucro líquido do RenovaBio pode variar conforme a rota do biocombustível, o fato de emissão, a eficiência na produção e a quantidade de biodiesel produzido.
O fator de emissão é um indicador crucial para indústrias que produzem biodiesel e etanol, sendo ele que vai definir quantos CBIOs são gerados para cada litro de biocombustível vendido. Cada planta industrial tem um valor de fator de emissão diferente devido às características industriais, agrícolas, elegibilidade e rastreabilidade.
Além do fator de emissão, outro componente fundamental que vai definir o Lucro Liquido do RenovaBio é a quantidade de litros de biocombustível gerados e vendidos pela indústria, onde quanto mais litros se produz e vende, maior é geração de CBIOs.
Junto a isso, temos o preço do CBIO (que é definido à mercado), taxas e impostos, os quais vamos falar também nesse artigo.
Mas como se comporta o fator de emissão das indústrias que tem a certificação RenovaBio? Atualmente, observa-se uma diferença significativa entre a indústria de biodiesel que possui o menor e a maior fator de emissão, chegando a mais de 4500%. Já indústria de Etanol apresenta uma diferença de aproximadamente 665%. Essa discrepância tem um impacto direto na quantidade de CBIOs gerados e, consequentemente, na receita obtida pela venda desses créditos. Essa diferença também pode apontar indústrias que tem o foco na melhoria do RenovaBio.
Nos dois gráficos abaixo demonstramos uma simulação de quanto em Lucro Líquido uma indústria de biocombustível pode gerar com a venda de CBIOs. Nota-se uma grande diferença de valores quando simulamos cenários onde usa-se a a nota da indústria menos eficiente do mercado (Nota Mínima) e quando se usa a nota da indústria mais eficiente do mercado (Nota Máxima).
Para ir a fundo no Fator de Emissão, observar simulações e calcular no detalhe o retorno financeiro do RenovaBio, temos um artigo específico para isso.
Principais custos relacionados ao RenovaBio
A geração de CBIOS envolve uma série de despesas essenciais, incluindo os impostos da comercialização dos CBIOs, o custo da firma inspetora, os processos administrativos e os processos de melhorias. Porém, esses custos são insignificantes comparando-se à receita que o RenovaBio proporciona.
De acordo com a LEI Nº 13.576, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2017, o imposto sobre a comercialização de CBIOs é fixado em 15%, representando uma parcela significativa dos custos associados à geração desses créditos. O custo da firma inspetora varia dependendo da firma escolhida, sendo que apenas aquelas habilitadas para atuar no âmbito do RenovaBio podem ser contratadas, o que pode gerar variações nos custos envolvidos.
Além disso, os custos relacionados aos processos administrativos também constituem uma parte importante das despesas na geração de CBIOs. Isso engloba os custos da geração de CBIOs no Serpro, bem como os custos associados aos escriturados de CBIOs. Por fim, os processos de melhorias representam custos variáveis, dependendo do esforço e dos investimentos dedicados à melhoria contínua na geração de CBIOs. Isso pode incluir iniciativas voltadas para a otimização da fração elegível e do NEEA, visando atender aos requisitos estabelecidos pelo programa RenovaBio.
É preciso destacar as melhorias envolvidas ao processo administrativo. O processo de melhoria na geração de CBIOS é fundamental para garantir a eficiência e a conformidade com os requisitos estabelecidos pelo programa RenovaBio. Dentro desse contexto, o processo administrativo envolve a organização de documentos, simulações do RenovaCalc, monitoramento contínuo e análise de supressão para o cálculo de elegibilidade. Além disso, estratégias de venda e operacionalização são desenvolvidas e aprimoradas para maximizar a eficiência na comercialização dos CBIOs. Isso inclui a coleta e o cruzamento de dados, análise de dados detalhada, engenharia de dados para otimização dos processos, e implementação de automações para aumentar a eficiência operacional.
A BioExecut desempenha uma função essencial na indústria de biocombustíveis ao prover amplo suporte na construção, melhoria, execução e pré-auditoria de processos administrativos e de melhoria relacionados ao programa RenovaBio. Um de seus focos está em maximizar a margem de receita para os produtores de biocombustíveis, assegurando conformidade com os requisitos regulatórios e impulsionando a eficiência operacional.
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